Site atualizado em agosto de 2020
Site atualizado em abril de 2023
Alexandre Miranda
Síndrome do Piriforme
O que é
A Síndrome do Piriforme tem sintomas muito semelhantes ao da hérnia de disco lombar. É comum um paciente com Síndrome do Piriforme ser abordado inicialmente como se tivesse um problema na coluna lombar. A dor mais característica da Síndrome do Piriforme é localizada na região do glúteo, bem no ponto onde está o músculo Piriforme. Entretanto, o músculo Piriforme pode comprimir o nervo ciático que passa nessa região, causando irradiação da dor através do trajeto do nervo por trás da coxa e da perna. Os sintomas são muito semelhantes ao da hérnia de disco lombar. É muito importante a identificação da Síndrome do Piriforme, pois seu tratamento difere do realizado em outros problemas do nervo ciático, como a hérnia de disco, por exemplo.
O músculo piriforme pode comprimir o nervo ciático e causar dor que irradia para a perna, podendeo ser confundido com o sintoma da hérnia de disco
A ideia de que um problema na região do músculo Piriforme poderia causar uma dor ciática semelhante aquela produzida por uma hérnia de disco, surgiu, a princípio, como explicação para a dor ciática de origem obscura.
O músculo piriforme fica localizado na região glútea
O músculo Piriforme fica localizado na região superior do glúteo e tem a função de ajudar na rotação do quadril. O nervo ciático é originado na coluna lombar, vai descendo por trás da coxa e da perna até chegar no pé. Nesse trajeto ele passa pelo glúteo e acaba tendo um contato com o músculo Piriforme. Geralmente, o nervo passa debaixo do músculo, mas essa anatomia pode variar bastante. Em algumas pessoas, ele pode passar por cima ou até dentro do músculo Piriforme. Essas variações, associadas a alterações locais da musculatura, como hipertrofia, espasmos e compressões, acabariam causando uma inflamação do nervo ciático e desencadeando os sintomas relacionados.
Como o problema está localizado na região do
músculo piriforme, ou seja, no glúteo, o paciente pode apresentar dor, formigamento e dormência nesta área. Esses sintomas podem irradiar pelo trajeto do nervo ciático da mesma forma que ocorre na hérnia de disco lombar. Porém, na Síndrome do Piriforme, não é comum a pessoa queixar lombalgia, a menos que também tenha um problema naquela região. Geralmente os pacientes conseguem separar os sintomas e percebem que a lombalgia não tem relação com a dor do piriforme, pois, elas não aparecem juntas ou na mesma situação.
Existem diversas diversas variações anatômicas na passagem do nervo ciático (NC) junto ao músculo piriforme (PM)
Entre as causas da Síndrome do Piriforme, podemos citar, por exemplo, a prática de exercícios que levam à hipertrofia dos glúteos, traumatismos locais, como cair e bater o glúteo no chão, permanecer assentado em posturas inadequadas por muito tempo, etc.
O diagnóstico é baseado nos seguintes tópicos:
-
História, evolução e características dos sintomas.
-
Exame físico com manobras de mobilização do músculo piriforme desencadeando dor ciática. De maneira geral, movimentos que causam contração da musculatura glútea podem desencadear a dor. Além disso, a região onde fica localizado o músculo Piriforme costuma ser dolorosa à palpação.
-
Eletroneuromiografia (EMG) pode colaborar para o diagnóstico da Síndrome do Piriforme, pois mostra a atividade elétrica dos nervos. Esse exame consegue identificar sinais de compressão do nervo ciático e até dizer se o problema está localizado na coluna ou no glúteo. Na prática, porém, esse exame pode não ser muito preciso, sendo esperado que seja normal na Síndrome do Piriforme e alterado na hérnia de disco lombar.
-
Ressonância magnética é utilizada para descartar uma compressão do nervo ciático na região lombar. Geralmente não é útil para identificar uma eventual anormalidade morfológica no músculo piriforme.
-
Injeções diagnósticas locais. O médico injeta anestésicos e/ou anti-inflamatórios na região do músculo piriforme e observa se vai ocorrer melhora dos sintomas.
Existem diversos problemas que podem causar dor no trajeto do nervo ciático e um dos mais frequentes é a hérnia de disco lombar. A síndrome do Piriforme deve ser lembrada, principalmente, nos casos em que o paciente apresenta dor ciática, mas não tem uma alteração na coluna lombar que explique tal sintoma. O tratamento da síndrome do Piriforme geralmente é conservador, ou seja, não envolve cirurgia.
Recomenda-se fisioterapia, mudanças na postura e nos hábitos de vida, além de injeções locais.
A fisioterapia é baseada em manobras voltadas para a musculatura da região glútea e correção postural. Na maioria das vezes, tais mudanças só são alcançadas depois de muito tempo, então o alívio completo dos sintomas pode demorar semanas ou até meses para ser alcançado. O diagnóstico correto é muito importante porque os exercícios para a dor ciática causada por um problema na coluna podem ser diferentes daqueles na qual a causa é o músculo piriforme.
Infiltração do músculo piriforme realizada em consultório
Analgésicos e anti-inflamatórios podem ser prescritos pelo médico para controle da dor, assim como compressas de gelo ou calor local, dependendo da situação. Massagens na região também podem ser utilizadas.
Injeção de medicamentos guiada por ultrassom na Síndrome do Piriforme
Quando o paciente tem uma dor tão intensa que não consegue nem executar os exercícios da fisioterapia, o médico pode realizar, de forma paliativa, injeções de anestésicos e anti-inflamatórios na região do músculo Piriforme. Essas injeções frequentemente são chamadas de "infiltrações" e têm o objetivo de diminuir a dor e a inflamação local de forma temporária.
A injeção de toxina botulínica (Botox®) também pode ser útil nas situações em que o relaxamento do músculo piriforme é desejado, principalmente quando não há resposta ao tratamento inicial.